1. |
Oeste
03:25
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Queimem aquela bandeira
Derrubem os muros
Estátuas e prédios
que a metrópole sustentam
Destituam
A posse arbitrária
A herança usurpada
Abaixo o império
Pedras
contra drones
Armas
invisíveis
Recuar? Nunca fora opção!
Olhos continuam à oeste
Não vamos mais
nos submeter!
A aliança contra-hegemonica é imbatível!
Nossa decisão
é irreversível,
a guerra fora deflagrada,
Não há outro caminho que não
A Insurreição!
Do Haiti à Chiapas,
De Pinheirinhos à Havana,
Dos Quilombos à Rojava,
Floresta em marcha
Contra o etno-morticínio
Floresta em marcha
Toda terra é indígena
Chega de abusos!
Chega de abusos!
Chega de abusos!
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2. |
Réquiem
03:51
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Você me ensinou
O que era amor genuíno
Eu me sinto tão grato
Pelo tempo
Em que passou comigo
Nunca dissemos
nada um pro outro
que fizesse sentido
Mas sabemos
Pois o que não dizemos
Com palavras
São entendidas pelo afeto
Quantas vezes
Eu busquei no seu colo
Alento para
Os dias difíceis
Eu só tenho
a agradecer
Minha vida
Teria sido diferente
sem você
Obrigado
Obrigado
Obrigado
Pelo tempo
Obrigado
Obrigado
Obrigado
Por ter ficado comigo
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3. |
Ruminar
02:57
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Ao que parece,
ruminar o próprio gorfo
é mais saboroso.
Essa matéria morta entre dentes
que masca-se incessantemente,
um tal dissabor
que adoça a boca
como um melaço pútrido.
Sente-se de uma lonjura
o hálito de chorume encravado
nessas gengivas
esbranquiçadas.
Esse semblante amorfo,
olhos translúcidos
e umas lábias tais
a balbuciar
coisa qualquer
Distorções incompreensíveis estruturam
seu simulacro, um devaneio imaterial
apático a rigor, ignorante e cúmplice
da narrativa do império.
que repulsa;
ouço
e, que enjoo!
que engodo é esse
que escorre
desta língua
que só baba e sibila.
Ao passo que esses grunhidos
sufocam os gritos de socorro
todo e qualquer esforço
se torna em vão.
Esse discurso hegemônico
é tão branco e repele
com tal clareza
qualquer tonalidade que
esmiúça e contrasta,
não é à toa
que só suga e nega.
Abstenho-me mas
eis o impasse,
resoluto?
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4. |
Facínora
01:26
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Não adianta correr
Não adianta implorar por ajuda
Deleite-se agora
Com sua própria dor
Aqui jaz
Sozinho
Nada mais que um grande covarde
Cadê aquele sorriso sádico?
Não é tão fácil rir
quando se está degolado
Sem perdão pro facínora
Sem perdão pro facínora
Sem perdão pro facínora
Sem perdão, sem perdão!
Sem perdão pro facínora
Sem perdão pro facínora
Sem perdão pro facínora
Sem perdão, sem perdão!
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5. |
Fere
02:26
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Sua voz, fere, fere, fere minha carne.
Cada palavra
que sai da sua boca
é uma tira do flagelo
que se choca
contra meu corpo.
Atado por um laço,
meus pulsos se encontram,
é que eu confiei tanto,
e não deveria
entregar-me de todo à você?
Era confortável
até ultrapassar a linha
que demarca o poder.
Eu botaria
minhas mãos no fogo,
se elas já não
estivessem queimadas.
Hoje o que resta
em minhas memórias
são as cicatrizes,
que doem
quando me recordo,
e nunca saram.
Nunca, nunca, nunca saram.
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6. |
Pedra
03:47
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Uma geração
com olhos para oeste
Buscando no passado
Reconstruir o futuro
Direito
Ao retorno
Alimenta
coragem
Em tempos de desespero
Sob a ocupação
Filhos
Que não temem
Carregar a chama
Explodem
Em fúria
Num grito
Por liberdade
Pedras contra tanques
Armas contra mísseis
Cruel
Realidade
De uma luta
Desigual
Opressão
Financiada
Pelo cúmplice
Americano
Agora
Davi
É palestino
Assassinatos em massa
Cidades devastadas
Famílias soterradas
em suas próprias casas
Massacres
Para conter
O terrorismo
Tática absurda
De um estado
Sem memória
A morte da justiça
diante
de um mundo que se cala
A morte da justiça
a humanidade
enterrada
Usando o holocausto
como desculpa
a tirania
se torna aceitável
A hipocrisia
Impede de enxergar
O que leva alguém
a virar
uma bomba?
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7. |
Sudaméfrica
03:50
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Se fomos nós
que com construímos
este lugar
Seremos nós
a herdar esta terra
Seremos nós
A manter de pé
Nossas florestas
Arar nossos campos
Nos banharmos nas águas
Dos rios aos oceanos
Abolir o sofrimento
Abolir a dependência
Que nosso prazer não dependa
Da morte, do sangue
Semear,
irrigar
e colher
O fruto dos nossos sonhos
O fruto do nosso trabalho
Mais que palavras abstratas e clamores
conciliatórios com a democracia burguesa, nós queremos justiça, paz, terra, pão e a liberdade de ser, amar e andar sem temer qualquer ato de ódio contra nossos corpos. Que o que arda em nosso peito seja a saudade, de quem se foi pelo acaso, dos tempos idos, da inocência, jamais pela expressão estrutural dessa terra ocidentalizada à força. E não sare nunca para lembrarmos que nossas paixões nos movem entre dias e noites de amor e fúria.
Persistiremos em sermos quem somos há tanto tempo, e na reinvenção do que é ser.
Caminhar
Em direção
À sudaméfrica
Fora de compasso
Com o mundo
Nuestro norte
Es el sur
Nuestro norte es
Es el sur
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